Português | English

APRESENTAÇÃO

O IV Congresso Internacional de Gerontologia e Geriatria: "Envelhecimento ativo, saudável e positivo" como acontecimento interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar é uma iniciativa de índole científica da Escola Superior de Educação João de Deus em parceria com a AIP – Feiras, Congressos e Eventos.

O caráter deste acervo científico integra-se no evento de “Portugal Maior 2014”, apresentando como objetivo natural conglutinar investigadores e cientistas para explanarem e dissecaram as últimas teorias e experiências no campo biológico, psicológico, social, cultural, espiritual do envelhecimento humano nas áreas de bem-estar, da saúde e da doença.

Examinemos alguns dados estatísticos para perceber “who is who” nos próximos vinte e cinco anos.
Segundo as previsões das Nações Unidas, até ao ano de 2050, os países da Europa do Sul terão as mais elevadas proporções de pessoas com ou mais de 65 anos de idade.
Em Portugal, segundo as projeções do Instituto Nacional de Estatística, em 2046, a proporção de população jovem reduzir-se-á a 13% e a população idosa aumentará dos atuais 17,2% para 31% e em 2050 o número de idosos com mais de 65 anos será de 2,95 milhões, o que corresponde a ter 238 idosos por cada cem jovens. O dobro dos valores atuais: 112 idosos para cem jovens. Mundialmente, o número de idosos amplificar-se-á significativamente, passando de 606 milhões para cerca de 2 mil milhões em cinquenta anos. O aumento será mais marcante nos países pobres, onde a população idosa se quadruplicará, passando de 374 milhões para 1,6 mil milhões.

Com este quadro demográfico tanto pode ser um perigo como uma nova oportunidade, visto que ser uma pessoa velha comporta em si mesmo um estatuto de experiências, olhares-saberes e olhares-saber-fazer a serem aproveitados. Simultaneamente, é um rótulo socialmente estigmatizante da “inutilidade”, da “inatividade” de um ser já desvinculado social, cultural e economicamente que transporta o rótulo e a etiquetagem do mito da inflexibilidade face à mudança, o mito da improdutividade laboral e o mito da (falta de) autoestima.

Na gerontologia e na sua especialidade a geriatria, as atividades de vida diária (AVD) e as atividades instrumentais de vida diária (AIVD) alicerçam-se em fundamentos filosóficos e sociais. Estas atividades no processo de envelhecimento, no bem-estar, na saúde e na doença são um constructo pessoal e social construído e solidificado na trajetória vital, na cultura e na realidade social onde a pessoa idosa coexiste e coabita.

Os atuais movimentos migratórios comportam também, problemas complexos aos “cuidadores” visto que os migrantes provêm de ambientes geográficos, históricos e socioculturais diferentes e com estilos de vida desfasados das condições societais europeias.

Urge na gerontologia, na geriatria e nas áreas afins preparar “cuidadores” de pessoas idosas com conhecimentos técnico-científicos sobre o envelhecimento ativo, saudável e positivo.
Ser velho não é sinónimo de estar doente ou a adoecer. Todavia a velhice comporta em si mesmo um conjunto de alterações significativas: hematopoiéticas, linfáticas, gastrointestinais, genito-urinárias, neurológicas, visuais, auditivas, endócrinas, músculo-esqueléticas, articulares degenerativas, cardiorrespiratórias, etc. E, muitas vezes, processos patológicos crónico-degenerativos (doenças: metabólicas, neurodegenerativas, neuropsiquicas, cancro, etc.) e surgem, cada vez mais, doenças agudas infeciosas e parasitárias.

Este congresso sobre envelhecimento ativo, saudável e positivo procura ir ao encontro do que refere Valhin (1992), Chenais (1995), Steven Austad (2001) que arrolavam que no final do século XXI a longevidade humana atingiria os 150 anos de idade. A teoria mais excêntrica surge com Aubrey de Grey (2011), biomédico inglês, especialista em longevidade humana, ao dizer que em duas décadas viveremos 150 anos e que num futuro próximo as pessoas viverão mil anos.
Alcançar esta proveta idade, a ancianidade, seria possível com outras políticas de promoção da saúde e prevenção da doença no momento em que começa o envelhecimento humano, no útero da mãe da pessoa velha do amanhã.

O Papa João Paulo II, na carta dirigida às pessoas idosas, em 1999, no Ano Internacional do idoso dizia: “louvo todas as iniciativas sociais que permitem aos anciãos cultivarem-se física, mental, intelectual, espiritual e socialmente, fazendo com que aumentem o gosto pela vida e o anseio pela eternidade”.

Como envelhecer bem é uma aprendizagem, no aprender a aprender da vida, sobre a dinâmica interna da comunicação relacional entre o corpo-mente, psique-soma e espírito-alma procuraremos neste evento científico encontrar respostas para todas estas problemáticas.

Sejam bem-vindos.

“Entra pela velhice com cuidado,
Pé ante pé, sem provocar rumores
Que despertem lembranças do passado,
Sonhos de glórias, ilusões de amores.

Do que tiveres no pomar plantado
Apanha os frutos e recolhe as flores;
Mas lavra ainda e planta o teu eirado,
Que outros virão colher quando te fores.

Não te seja a velhice enfermidade!
Alimenta no espírito saúde,
Luta contra as tibiezas da vontade.

Que a neve caia! O teu ardor não mude!
Mantém-te jovem, pouco importa a idade!
Tem cada idade a sua juventude.”


Manuel Bastos Tigre


O Coordenador do Congresso
Prof. Doutor Joaquim Parra Marujo